Perturbação Ansiedade

A ansiedade nos adultos é uma resposta emocional natural que pode surgir face a desafios ou preocupações quotidianas, mas, em níveis elevados, pode transformar-se num problema significativo. Em adultos, a ansiedade manifesta-se frequentemente sob a forma de preocupações constantes com o trabalho, relações ou saúde, acompanhadas de sintomas físicos como tensão muscular, insónias e fadiga. Esta condição pode interferir com a capacidade de concentração e desempenho, criando um ciclo que aumenta o mal-estar. A identificação precoce e o acompanhamento adequado, como terapia ou técnicas de relaxamento, são fundamentais para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Nos séniores, a ansiedade pode ter gatilhos distintos, como preocupações financeiras, saúde ou solidão. Muitas vezes, é subdiagnosticada, pois os sintomas podem ser confundidos com sinais do envelhecimento ou de outras condições, como problemas cardíacos. A ansiedade nesta faixa etária pode ainda estar associada a perdas significativas, como o falecimento de entes queridos ou a diminuição da independência física. Estratégias como a terapia cognitivo-comportamental, atividades físicas adaptadas e suporte social são particularmente eficazes para ajudar os séniores a gerir a ansiedade e a manter um bem-estar emocional equilibrado.

Tipos de Ansiedade

Ansiedade Social

A Ansiedade Social, também conhecida como fobia social, é uma perturbação da ansiedade caracterizada por um medo intenso e persistente de situações sociais em que a pessoa possa ser avaliada ou julgada por outros. Este medo pode levar a uma evitação significativa de interações sociais, causando sofrimento e dificuldades no dia a dia. É importante distinguir a timidez, que é um traço de personalidade, da ansiedade social, que é uma condição clínica que requer atenção.

O que Caracteriza a Ansiedade Social?

A ansiedade social não é apenas um desconforto ocasional em situações sociais. As pessoas com esta perturbação experimentam um medo e ansiedade intensos em relação a situações sociais específicas, como:

  • Interações Sociais: Dificuldade em falar com outras pessoas, especialmente desconhecidos, iniciar conversas ou participar em atividades sociais.

  • Ser Observado: Medo de ser observado enquanto come, bebe, escreve ou realiza outras tarefas em público.

  • Apresentações Públicas: Pavor em falar em público, apresentar trabalhos, ou participar em eventos onde sejam o centro das atenções.

  • Interações com Figuras de Autoridade: Ansiedade ao interagir com professores, chefes, médicos ou outras pessoas em posições de poder.

  • Situações de Avaliação: Medo de ser avaliado ou julgado pelos outros, quer seja em testes, entrevistas ou em situações sociais.

  • Medo de Humilhação: Receio de parecer ridículo, de ser humilhado ou de cometer erros em público.

  • Sintomas Físicos: Podem surgir sintomas físicos como palpitações, suores, tremores, rubor facial, náuseas, tonturas ou dificuldade em respirar em situações sociais.

  • Evitamento Social: Tendência a evitar situações sociais temidas, o que pode levar ao isolamento e à dificuldade em manter relações interpessoais.

  • Preocupação Excessiva: Preocupação constante com as situações sociais e com o que os outros pensam.

Ansiedade Generalizada

A Perturbação da Ansiedade Generalizada (PAG), é uma condição de saúde mental caracterizada por uma preocupação excessiva e persistente sobre uma variedade de aspetos da vida. Ao contrário da ansiedade normal, que surge em resposta a uma situação específica, a ansiedade generalizada é constante, difícil de controlar e interfere significativamente com o dia a dia da criança ou do adolescente.

O que caracteriza a Ansiedade Generalizada na Infância e Adolescência?

Na infância e adolescência, a PAG pode manifestar-se de forma diferente do que nos adultos. As principais características incluem:

  • Preocupação Excessiva: A principal característica é uma preocupação excessiva com várias áreas da vida, como o desempenho escolar, a saúde, a segurança da família, o futuro, as relações sociais, etc. A preocupação é persistente, difícil de controlar e desproporcional aos problemas reais.
  • Dificuldade em Controlar a Preocupação: A criança ou adolescente sente dificuldade em controlar ou interromper a corrente de pensamentos ansiosos, mesmo quando tentam fazê-lo.
  • Sintomas Físicos: Frequentemente, a ansiedade generalizada acompanha-se de sintomas físicos como fadiga, dores de cabeça, dores de barriga, tensão muscular, dificuldades de sono (insónia ou sono agitado), irritabilidade, dificuldade de concentração e agitação.
  • Agitação e Irritabilidade: A criança ou adolescente pode parecer irritável, inquieto e com dificuldade em relaxar.
  • Necessidade de Aprovação: Pode haver uma necessidade constante de aprovação dos outros, bem como um perfeccionismo excessivo.
  • Dificuldade em Tomar Decisões: A preocupação constante pode tornar difícil tomar decisões ou escolher entre opções.
  • Evitamento de Situações Desconfortáveis: Podem evitar situações que gerem ansiedade, levando ao isolamento social.
  • Reações Excessivas a Pequenas Coisas: Podem reagir de forma exagerada a pequenas contrariedades ou desafios.
  • Queixas Frequentes: Queixas frequentes sobre dores ou mal-estar, que podem estar relacionados com a ansiedade.

Fobias

A Fobia Específica é um tipo de perturbação da ansiedade caracterizada por um medo intenso e irracional de um objeto ou situação específica. Este medo é desproporcional ao perigo real e leva a uma evitação ativa da situação ou do objeto temido. Ao contrário da ansiedade generalizada, que é uma preocupação difusa, a fobia específica é direcionada a um alvo específico, o que pode limitar significativamente a vida da pessoa afetada.

O que Caracteriza a Fobia Específica?

A fobia específica não é apenas um medo ligeiro ou um desconforto. As pessoas que sofrem desta condição experimentam um medo intenso e irracional que pode provocar reações de pânico e levar a um evitamento extremo da situação ou objeto temido. As principais características da fobia específica incluem:

  • Medo Intenso e Irracional: Medo excessivo e desproporcional em relação ao perigo real representado pelo objeto ou situação.

  • Resposta Imediata de Ansiedade: Resposta imediata de ansiedade (que pode culminar em pânico) quando confrontado com o objeto ou situação temida.

  • Reconhecimento do Caráter Irracional: Apesar de reconhecerem que o medo é excessivo e irracional, as pessoas com fobia específica não conseguem controlá-lo.

  • Evitamento Ativo: Evitamento ativo do objeto ou situação temida, ou a sua tolerância com grande sofrimento.

  • Interferência no Funcionamento Diário: A fobia interfere com o funcionamento diário da pessoa, dificultando o seu trabalho, estudos, relações sociais ou atividades de lazer.

  • Antecipação Ansiosa: Preocupação excessiva e ansiedade antecipatória em relação a futuras exposições ao objeto ou situação temida.

  • Sintomas Físicos: Podem surgir sintomas físicos como palpitações, suores, tremores, falta de ar, náuseas, tonturas ou sensação de desmaio quando confrontado com o objeto ou situação temida.

Fobias Específicas:

As fobias específicas podem abranger uma vasta gama de objetos e situações. Alguns exemplos comuns incluem:

  • Fobias de Animais: Medo de animais específicos, como cães, gatos, aranhas, cobras, insetos, ratos, etc.
  • Fobias de Ambientes Naturais: Medo de alturas, tempestades, água, escuridão, etc.
  • Fobias de Sangue, Injeções ou Lesões: Medo de ver sangue, de receber injeções, de agulhas ou de ferimentos.
  • Fobias de Situações: Medo de espaços fechados (claustrofobia), de multidões, de andar de avião, de conduzir, etc.
  • Outras Fobias: Medo de palhaços, de vomitar, de engasgar, etc.

Pânico

A perturbação de pânico é uma condição de saúde mental caracterizada por ataques de pânico súbitos e recorrentes. Estes ataques são momentos de medo intenso e incapacitante, que surgem de forma inesperada e são acompanhados por sintomas físicos e emocionais intensos. É importante distinguir um ataque de pânico ocasional, que pode acontecer a qualquer pessoa em momentos de stress, da perturbação de pânico, que implica ataques repetidos e a preocupação constante com a possibilidade de novos ataques.

O que Caracteriza um Ataque de Pânico?

Um ataque de pânico não é apenas um momento de grande ansiedade. É uma experiência intensa, súbita e muitas vezes aterrorizante, com sintomas que podem ser confundidos com problemas de saúde física graves. Os principais sintomas de um ataque de pânico incluem:

  • Medo Intenso: Sentimento súbito e avassalador de medo ou terror, que pode surgir sem motivo aparente.

  • Palpitações e Aceleração do Ritmo Cardíaco: Sensação de que o coração está a bater muito rápido ou de forma irregular.

  • Suores: Transpiração excessiva, mesmo quando não está calor.

  • Tremores: Tremores ou agitação, especialmente nas mãos e pernas.

  • Falta de Ar ou Sensação de Sufocamento: Dificuldade em respirar, sensação de garganta apertada ou de que não está a conseguir respirar ar suficiente.

  • Dor ou Desconforto no Peito: Sensação de aperto, dor ou desconforto no peito, que pode ser confundida com um ataque cardíaco.

  • Náuseas ou Mal-Estar Abdominal: Sensação de enjoo, desconforto ou dor no estômago.

  • Tonturas ou Sensação de Desmaio: Sensação de vertigem, tonturas ou sensação de que vai desmaiar.

  • Ondas de Calor ou Frio: Sensação de calor ou frio repentinas.

  • Parestesias: Sensação de formigueiro ou dormência nas mãos ou pés.

  • Desrealização ou Despersonalização: Sensação de que o mundo à volta é irreal (desrealização) ou de que está desligado do seu próprio corpo (despersonalização).

  • Medo de Perder o Controlo ou “Enlouquecer”: Medo de perder o controlo, de enlouquecer ou de ter um colapso nervoso.

  • Medo de Morrer: Medo intenso de morrer ou de que vai acontecer algo de muito mau.

A ansiedade é uma condição complexa que resulta de uma interação entre fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais:

  • Fatores Genéticos: A hereditariedade desempenha um papel importante, sendo que crianças e adolescentes com familiares que sofrem de ansiedade têm maior probabilidade de desenvolverem também esta condição.
  • Fatores Biológicos: Alterações nos neurotransmissores cerebrais (como a serotonina e a noradrenalina) podem contribuir para a ansiedade.
  • Fatores Psicológicos: Experiências traumáticas, estilos parentais ansiosos ou controladores, dificuldade em lidar com o stress, baixa autoestima e padrões de pensamento negativos podem aumentar o risco.
  • Fatores Ambientais: Situações stressantes como divórcio dos pais, bullying, mudanças de escola ou de casa, dificuldades financeiras ou exposição à violência podem desencadear ou agravar a ansiedade.

O tratamento da ansiedade na infância e adolescência deve ser personalizado e pode incluir:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): É a abordagem mais eficaz e utilizada, que visa ajudar a criança ou adolescente a identificar e modificar os seus padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, ensinando estratégias de coping para lidar com a ansiedade.
  • Terapia Familiar: Envolver a família no processo terapêutico é essencial, pois ajuda a criar um ambiente de apoio e compreensão, e permite que os pais aprendam a lidar com a ansiedade dos filhos.
  • Técnicas de Relaxamento e Mindfulness: Técnicas como a respiração profunda, o relaxamento muscular progressivo e a meditação mindfulness podem ajudar a reduzir a ansiedade e a promover o bem-estar.
  • Medicação: Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicação ansiolítica ou antidepressiva, sob orientação médica e acompanhamento regular.
  1. Preocupação Excessiva: Pensamentos persistentes sobre problemas futuros ou situações imaginárias, difíceis de controlar.
  2. Fadiga: Sensação de cansaço constante, mesmo sem esforço físico significativo, devido à tensão mental contínua.
  3. Irritabilidade: Respostas desproporcionais ou irritação frequente perante pequenas situações.
  4. Tensão Muscular: Sensação de rigidez ou dores no corpo, especialmente no pescoço, ombros e costas.
  5. Dificuldade de Concentração: Sensação de “mente vazia” ou incapacidade de focar-se em tarefas simples.
  6. Alterações no Sono: Insónias, dificuldade em adormecer ou sono interrompido devido a pensamentos ansiosos.
  7. Batimentos Cardíacos Acelerados (Taquicardia):
  8. Sensação de coração a bater mais rápido ou forte, mesmo em repouso.
  9. Sensação de Aperto ou Falta de Ar: Dificuldade em respirar profundamente ou sensação de “nó” no peito.
  10. Evitação de Situações: Evitar locais, pessoas ou atividades por medo ou desconforto, o que pode limitar a vida social ou profissional.

O acompanhamento psicológico é fundamental na gestão da perturbação de ansiedade, pois oferece estratégias eficazes para compreender e lidar com os sintomas que podem comprometer a qualidade de vida. Através de abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), os indivíduos aprendem a identificar e modificar padrões de pensamento negativos, reduzir a intensidade da ansiedade e desenvolver ferramentas para enfrentar situações desafiantes. Além disso, o suporte emocional proporcionado pelo terapeuta ajuda a aliviar sentimentos de isolamento e a fortalecer a resiliência, promovendo um equilíbrio emocional e uma melhor adaptação ao dia a dia.

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