Bullying Infantil

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O Bullying é um comportamento agressivo, intencional e repetitivo, que ocorre num contexto de desequilíbrio de poder. É caracterizado por ações físicas, verbais, psicológicas ou sociais que visam humilhar, intimidar ou magoar outra pessoa. O bullying pode ocorrer em diversos ambientes, como escolas, locais de trabalho, comunidades online e até mesmo dentro das famílias.

O bullying, especialmente quando prolongado e intenso, pode ser uma experiência traumática para a vítima. A  Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT) é uma condição de saúde mental que se desenvolve após a exposição a um evento traumático, como violência, acidentes graves ou abusos. Os sintomas incluem revivência do evento traumático (flashbacks, pesadelos), evitamento de situações que lembrem o trauma, alterações negativas no humor e cognição e hipervigilância.

O bullying, em particular, pode desencadear a PSPT devido à sua natureza repetitiva e humilhante, que causa um sentimento de insegurança, desamparo e vulnerabilidade na vítima. A sensação de não ter controlo sobre a situação e de ser alvo constante de agressão pode deixar cicatrizes emocionais profundas, levando ao desenvolvimento da PSPT.

Vitima ou Agressor

Vítimas:

  • Apresentam sinais de ansiedade, medo e tristeza.
  • Podem isolar-se e evitar interações sociais.
  • Podem ter alterações de humor, do sono ou do apetite.
  • Podem apresentar queda no desempenho escolar.
  • Podem ter queixas físicas, como dores de cabeça ou de barriga.
  • Podem demonstrar baixa autoestima e sentimentos de desamparo.

Agressores:

  • Podem ser impulsivos, agressivos e dominadores.
  • Podem sentir prazer em intimidar os outros.
  • Podem ter falta de empatia e dificuldade em reconhecer o impacto das suas ações.
  • Podem ser populares e ter um comportamento arrogante.
  • Podem desrespeitar as regras e ter um comportamento desafiador.
  • Podem ser insensíveis ao sofrimento dos outros.

O bullying, como já vimos, é um comportamento agressivo e repetitivo que visa magoar, humilhar ou intimidar outra pessoa. No entanto, o bullying não é uniforme e pode manifestar-se de várias formas, cada uma com as suas particularidades e impactos. Vamos explorar os principais tipos de bullying:

1. Bullying Físico:

Este é o tipo de bullying mais visível e envolve o uso da força física para intimidar ou magoar a vítima. As ações podem incluir:

  • Empurrões e Pontapés: Agressões físicas diretas, como empurrar, pontapear, dar socos ou murros.

  • Bater e Agredir: Ações mais violentas, como espancar a vítima ou usar objetos para a agredir.

  • Roubar ou Danificar Pertenças: Tirar objetos pessoais da vítima, roubá-los ou danificá-los de forma intencional.

  • Ameaçar com Violência: Ameaças de agressão física que causam medo e ansiedade na vítima.

2. Bullying Verbal:

Este tipo de bullying é caracterizado pelo uso de palavras para magoar, humilhar ou intimidar a vítima. As ações podem incluir:

  • Insultos e Nomes Ofensivos: Usar palavras depreciativas e nomes ofensivos para se referir à vítima.

  • Provocações Constantes: Provocar a vítima de forma repetitiva, com comentários que visam ridicularizar ou humilhar.

  • Ameaças Verbais: Fazer ameaças verbais à vítima, expressando intenção de magoá-la física ou psicologicamente.

  • Comentários Discriminatórios: Fazer comentários ofensivos sobre a raça, etnia, religião, orientação sexual ou outras características da vítima.

  • Espalhar Rumores: Espalhar boatos ou rumores maldosos sobre a vítima para prejudicar a sua reputação.

3. Bullying Psicológico ou Emocional:

Este tipo de bullying visa magoar a vítima através de manipulação emocional, exclusão e outras formas de agressão não física. As ações podem incluir:

  • Exclusão Social: Excluir a vítima de atividades, grupos ou conversas, fazendo-a sentir-se isolada e rejeitada.

  • Intimidação: Amedrontar a vítima através de olhares, gestos ou comportamentos ameaçadores.

  • Manipulação: Manipular a vítima para que faça coisas que não quer ou para que se sinta culpada e envergonhada.

  • Humilhação Pública: Ridicularizar a vítima em público, para causar vergonha e humilhação.

  • Chantagem Emocional: Usar ameaças ou manipulação para controlar ou influenciar o comportamento da vítima.

4. Bullying Social (ou Relacional):

Este tipo de bullying visa danificar a reputação ou as relações sociais da vítima, excluindo-a ou isolando-a dos seus pares. As ações podem incluir:

  • Isolamento Social: Excluir a vítima de grupos de amigos, festas ou atividades sociais.

  • Espalhar Rumores Maliciosos: Difamar a vítima através de boatos ou rumores, prejudicando a sua reputação.

  • Manipulação de Amizades: Manipular amigos da vítima para que se afastem dela ou a excluam.

  • Cyberbullying: Usar a internet, as redes sociais ou os telemóveis para humilhar, assediar ou excluir a vítima.

5. Cyberbullying:

Este é o tipo de bullying que ocorre no ambiente online, através de meios digitais como redes sociais, mensagens de texto, email ou jogos online. As ações podem incluir:

  • Mensagens Ofensivas: Enviar mensagens de texto, comentários ou posts insultuosos ou ameaçadores.

  • Divulgação de Informação Privada: Divulgar informações privadas ou fotos da vítima sem o seu consentimento.

  • Criação de Perfis Falsos: Criar perfis falsos nas redes sociais para humilhar ou assediar a vítima.

  • Exclusão de Grupos Online: Excluir a vítima de grupos ou chats online.

  • Assédio Online: Enviar mensagens constantes e repetitivas à vítima, com conteúdo ofensivo ou ameaçador.

  • Cyberstalking: Perseguir a vítima online, monitorizando as suas atividades e enviando mensagens intrusivas.

Características Comuns a Todos os Tipos de Bullying:

Independentemente do tipo, o bullying partilha algumas características comuns:

  • Intencionalidade: O agressor tem a intenção de magoar ou humilhar a vítima.

  • Repetição: O bullying não é um incidente isolado, mas sim um padrão repetitivo de comportamento agressivo.

  • Desequilíbrio de Poder: Há um desequilíbrio de poder entre o agressor e a vítima, seja físico, social ou emocional, que dificulta a defesa da vítima.

  • Impacto Negativo: O bullying tem um impacto negativo na saúde mental e no bem-estar da vítima, causando ansiedade, medo, depressão, baixa autoestima e outros problemas emocionais.

O bullying é um problema complexo, com diversas causas e fatores de risco:

Fatores Individuais:

  • Agressores: Podem ter necessidade de poder e controlo, falta de empatia, baixa autoestima, dificuldade em lidar com emoções, e, em alguns casos, também terem sido vítimas de bullying.
  • Vítimas: Podem ser crianças e adolescentes que são percebidos como diferentes, mais vulneráveis, menos assertivos, ou que têm dificuldades sociais.

Fatores Familiares:

  • Ambientes Disfuncionais: Lares com violência, negligência, abuso, falta de supervisão parental ou falta de comunicação podem aumentar o risco de bullying.
  • Estilos Parentais: Pais excessivamente permissivos ou autoritários podem contribuir para o bullying, tanto no papel de agressor como no de vítima.

Fatores Escolares:

  • Clima Escolar Negativo: Ambientes escolares com pouca supervisão, falta de regras claras contra o bullying, falta de apoio a vítimas e que promovam uma cultura de competição podem aumentar o risco de bullying.
  • Falta de Intervenção: A falta de intervenção por parte dos adultos em casos de bullying pode encorajar os agressores a continuarem o seu comportamento.

Fatores Sociais:

  • Influência dos Pares: A pressão social para serem populares e aceites pode levar alguns jovens a praticarem bullying para ganhar estatuto social.
  • Normas Sociais: Normas culturais que toleram a violência e o desrespeito podem aumentar a prevalência do bullying.
  • Meios de Comunicação: A exposição a violência na televisão, nos jogos de vídeo ou nas redes sociais pode influenciar o comportamento agressivo.

Apoio à Vítima:

  • Terapia Individual: Para ajudar a vítima a processar o trauma, a lidar com as emoções negativas, a desenvolver autoestima e a adquirir estratégias de coping saudáveis. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia EMDR são eficazes no tratamento da PSPT.
  • Apoio Psicológico: Para fornecer um espaço seguro onde a vítima possa expressar as suas emoções, receber apoio e sentir-se compreendida.
  • Grupos de Apoio: Para conectar a vítima com outras pessoas que passaram por experiências semelhantes, reduzindo o isolamento e promovendo a partilha de experiências e estratégias de coping.
  • Treino de Competências Sociais: Para ajudar a vítima a desenvolver a sua assertividade, a comunicar as suas necessidades e a defender-se de forma não agressiva.

Apoio ao Agressor:

  • Terapia Individual: Para explorar as causas subjacentes ao comportamento agressivo, como a falta de empatia, a necessidade de poder e a dificuldade em lidar com emoções.
  • Programas de Intervenção Comportamental: Para ajudar o agressor a desenvolver o autocontrolo, a empatia e a aprender formas mais saudáveis de interagir com os outros.
  • Mediação: Em alguns casos, a mediação entre a vítima e o agressor pode ser útil para promover o diálogo e a responsabilização do agressor pelas suas ações.
  1. Mudanças de Humor: Fica triste, ansiosa, irritável ou deprimida sem motivo aparente.
  2. Alterações de Sono: Tem dificuldade em adormecer, tem pesadelos ou acorda muito cedo.
  3. Perda de Apetite: Deixa de comer ou perde o interesse pela comida.
  4. Queixas Físicas: Queixa-se de dores de cabeça, dores de barriga ou mal-estar frequente.
  5. Evitamento da Escola: Recusa-se a ir à escola ou tem medo de ir.
  6. Isolamento Social: Evita os amigos ou as atividades sociais.
  7. Perda de Objetos Pessoais: Tem objetos pessoais danificados ou roubados.
  8. Baixa Autoestima: Apresenta comentários negativos sobre si mesma ou sobre a sua aparência.
  9. Comportamentos de Regressão: Retoma comportamentos de crianças mais pequenas, como chupar o dedo ou fazer xixi na cama.

O bullying é uma forma de violência que pode ter consequências devastadoras para a saúde mental e bem-estar das vítimas, levando ao desenvolvimento da PSPT e a outras dificuldades emocionais. É fundamental que pais, educadores e a sociedade como um todo estejam atentos a este problema, promovam ambientes seguros e de apoio, e ofereçam o tratamento adequado às vítimas e aos agressores. A prevenção e a intervenção precoces são essenciais para que as crianças e adolescentes possam desenvolver-se de forma saudável e livre do medo da violência.