Perturbação Depressão Infantil

A depressão, uma perturbação do humor caracterizada por uma tristeza persistente e perda de interesse nas atividades quotidianas, não afeta apenas adultos. Na verdade, a depressão infantil e na adolescência é uma realidade preocupante, com um impacto significativo no bem-estar e desenvolvimento dos jovens. É crucial estarmos informados sobre esta condição para a detetar precocemente e garantir o apoio necessário.

Causas e Fatores de Risco da Depressão na Infância e Juventude

A depressão na infância e adolescência é uma condição complexa, com uma etiologia multifacetada. Não existe uma única causa, mas sim uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais que podem contribuir para o seu desenvolvimento:

  • Fatores Biológicos:
    • Genética: História familiar de depressão aumenta o risco.
    • Desequilíbrios químicos: Alterações nos neurotransmissores cerebrais (serotonina, dopamina, noradrenalina) podem desempenhar um papel.
  • Fatores Psicológicos:
    • Trauma: Experiências traumáticas, como abuso físico ou emocional, negligência, perda de um ente querido ou violência doméstica.
    • Baixa autoestima: Sentimentos de inadequação e falta de valor pessoal.
    • Pensamentos negativos: Tendência para o pessimismo, autocrítica e ruminação.
    • Dificuldade em lidar com o stress: Escassa capacidade para gerir as emoções e lidar com situações de stress.
  • Fatores Sociais:
    • Ambiente familiar disfuncional: Conflitos familiares, falta de apoio e comunicação.
    • Bullying: Ser vítima de assédio escolar ou cyberbullying.
    • Pressão académica: Dificuldade em lidar com as exigências escolares e competição.
    • Isolamento social: Falta de amigos e relações sociais significativas.
    • Dificuldades socioeconómicas: Pobreza e instabilidade financeira.

Felizmente, a depressão infantil e na adolescência é tratável. O tratamento geralmente envolve uma combinação de:

  • Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes. Ajuda a criança ou adolescente a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento negativos. Outras abordagens incluem a terapia interpessoal e a terapia familiar.

  • Medicação: Em alguns casos, o médico psiquiatra pode prescrever antidepressivos. É importante salientar que a medicação deve ser sempre acompanhada de psicoterapia e o tratamento deve ser monitorizado por um profissional.

  • Intervenções psicossociais: Envolvem a participação da família e da escola para criar um ambiente de apoio e compreensão para a criança ou adolescente.

  • Estilo de vida saudável: Promover uma alimentação equilibrada, atividade física regular e sono adequado são importantes para a saúde mental.

É fundamental estar atento aos sinais de alerta, uma vez que nem sempre a criança ou adolescente conseguem expressar o que estão a sentir. Eis alguns sinais que podem indicar a presença de depressão:

  1. Tristeza persistente: Humor deprimido na maioria dos dias, durante a maior parte do dia, por um período prolongado.
  2. Perda de interesse: Perda de prazer e interesse em atividades que antes eram apreciadas.
  3. Alterações no apetite e/ou peso: Aumento ou diminuição significativa do apetite e/ou peso.
  4. Perturbações do sono: Insónia ou sonolência excessiva.
  5. Fadiga e falta de energia: Sentimento constante de cansaço e falta de energia.
  6. Irritabilidade e agitação: Irritabilidade, impaciência, frustração e agitação.
  7. Dificuldade de concentração: Problemas de concentração, atenção e tomada de decisões.
  8. Sentimentos de culpa ou inutilidade: Sentimentos de culpa excessiva, baixa autoestima e falta de valor pessoal.
  9. Pensamentos suicidas: Pensamentos recorrentes sobre morte e suicídio.

A depressão infantil e na adolescência é um problema sério que pode ter um impacto devastador na vida dos jovens. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir que estes jovens recebam o apoio necessário para superar esta condição e alcançar o seu potencial máximo. É essencial que pais, professores, educadores e toda a sociedade estejam conscientes dos sinais de alerta e que trabalhem em conjunto para criar um ambiente de apoio e compreensão para as crianças e adolescentes. Ao estarmos atentos e agirmos de forma proativa, podemos fazer a diferença na vida destes jovens.