Psicologia para Jovens LGBT

Ser uma pessoa LGBT+ significa identificar-se como Lésbica, Gay, Bissexual, Transgénero ou como parte de outras identidades de género e orientações sexuais que não se enquadram nas normas tradicionais heterossexuais e cisgénero. A sigla LGBT+ representa a diversidade de experiências e vivências relacionadas à sexualidade e identidade de género, reconhecendo que estas são parte natural da humanidade.

Significado das Identidades na Sigla LGBT+

  1. Lésbica: Mulheres que sentem atração emocional, romântica e/ou sexual por outras mulheres.

  2. Gay: Termo usado para descrever homens que sentem atração emocional, romântica e/ou sexual por outros homens. Também pode ser usado de forma abrangente para pessoas atraídas pelo mesmo género.

  3. Bissexual: Pessoas que sentem atração por mais de um género, podendo incluir homens, mulheres ou pessoas não-binárias.

  4. Transgénero: Pessoas cuja identidade de género é diferente do género atribuído ao nascer. As pessoas trans podem identificar-se como homem, mulher, ou de forma não-binária.

  5. O “+” na Sigla
    Representa outras identidades e orientações que não estão incluídas nas letras principais, como:

    • Queer: Uma identidade abrangente que desafia normas de género e sexualidade.
    • Intersexo: Pessoas com características biológicas que não se enquadram nas definições típicas de masculino ou feminino.
    • Assexual: Pessoas com pouca ou nenhuma atração sexual.
    • Pansexual: Pessoas que sentem atração por outras independentemente do género

Dimensões de Ser LGBT+

  1. Identidade de Género: Relaciona-se com o sentido interno de cada pessoa sobre quem é em termos de género (homem, mulher, não-binário, etc.), podendo ou não coincidir com o género atribuído ao nascer.

  2. Orientação Sexual: Diz respeito à atração emocional, romântica e/ou sexual por outras pessoas, podendo ser pelo mesmo género, géneros diferentes ou independendo deles.

  3. Expressão de Género: Refere-se à forma como uma pessoa se apresenta ao mundo através de roupas, comportamentos e outros aspectos que podem ou não estar alinhados com normas sociais sobre género.

  4. Experiência Social: Ser LGBT+ muitas vezes envolve lidar com preconceitos, discriminação ou estigmas, mas também pode ser uma fonte de orgulho, autenticidade e pertença dentro de comunidades diversas e inclusivas.

A psicologia desempenha um papel fundamental no apoio à comunidade LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e outras identidades de género e orientações sexuais). Através de uma abordagem inclusiva e afirmativa, a psicologia visa promover o bem-estar emocional, a aceitação da identidade pessoal e a superação de desafios específicos enfrentados por esta população em diferentes etapas da vida.

A psicologia afirmativa reconhece a diversidade sexual e de género como uma parte saudável da identidade humana e trabalha para:

  • Oferecer suporte emocional: Ajudar as pessoas a lidar com preconceitos, discriminação e estigma social.
  • Promover a aceitação pessoal: Facilitar o processo de autocompreensão e aceitação da orientação sexual ou identidade de género.
  • Reduzir o impacto do estigma: Apoiar na gestão do stress associado ao estigma e às pressões sociais.
  • Apoiar transições de género: Auxiliar pessoas transgénero durante o processo de afirmação de género.
  • Fomentar relações saudáveis: Trabalhar a comunicação e a gestão de conflitos em contextos familiares, amorosos e sociais.

Problemáticas Específicas de Adolescentes LGBT+

Adolescentes LGBT+ enfrentam desafios únicos, como:

  • Bullying e exclusão escolar: Experiências de intimidação e rejeição por colegas devido à orientação sexual ou identidade de género.
  • Rejeição familiar: Falta de aceitação por parte de familiares, levando a conflitos, isolamento ou até expulsão de casa.
  • Ansiedade e depressão: Consequências emocionais de viver em ambientes hostis ou de esconder a sua identidade.
  • Medo de se assumir: Dificuldade em revelar a identidade devido ao receio de represálias ou discriminação.

1. Identidade de Género e Orientação Sexual

  • Apoio na exploração, aceitação e expressão da identidade de género e orientação sexual.
  • Prevenção e intervenção em disforia de género.

2. Saúde Mental

  • Tratamento de ansiedade, depressão e stress pós-traumático associados a experiências de discriminação ou rejeição.
  • Intervenção em casos de pensamentos suicidas, especialmente em adolescentes.

3. Preconceito e Discriminação

  • Gestão emocional diante de situações de homofobia, transfobia ou bifobia em ambientes escolares, familiares ou profissionais.
  • Reforço da resiliência frente a microagressões e exclusão social.

4. Relacionamentos e Dinâmicas Familiares

  • Mediação familiar em situações de rejeição ou conflito devido à identidade LGBT+.
  • Apoio em relacionamentos românticos, abordando questões como monogamia, comunicação e aceitação social.

5. Autoestima e Autoaceitação

  • Fortalecimento da autoestima em resposta a experiências de marginalização.
  • Trabalho com crenças limitantes ou internalizadas devido a preconceitos culturais ou religiosos.

6. Educação Sexual e Saúde Reprodutiva

  • Esclarecimento sobre práticas seguras e prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs).
  • Apoio em questões relacionadas à parentalidade LGBT+.

Drª Cristina Borges
(OPP:29360)

Psicologia Clínica & Saúde

Dr. Patrick Teixeira
(OPP:14529)

Psicologia Clínica & Saúde
Especialista em Neuropsicologia

R.Silva
    R.Silva

    Estudante Universitário, 29 anos

    Crescer numa família tradicional portuguesa, com fortes ligações religiosas, fez com que a minha adolescência fosse um desafio constante. Desde cedo, percebi que a minha orientação sexual era diferente do que a minha família esperava, e isso criou em mim um grande receio de rejeição. O medo de desiludir os meus pais e o peso do julgamento social impediram-me, durante anos, de ser honesto sobre quem realmente sou. A angústia de viver numa espécie de "duplo mundo" começou a afetar a minha saúde emocional. Sentia-me isolado, ansioso e constantemente a lutar contra a ideia de que talvez nunca fosse aceite. Foi então que, com coragem e algum incentivo de amigos próximos, procurei o apoio da equipa de psicologia do CIADIP. Iniciei um acompanhamento psicológico para trabalhar a aceitação da minha identidade e ganhar forças para enfrentar o que parecia impossível: partilhar com os meus pais quem sou de verdade. Com o tempo, a terapia ajudou-me a perceber que o processo de aceitação não era apenas meu, mas também da minha família. Por isso, a equipa sugeriu integrarmos a terapia sistémica para envolver os meus pais no processo. No início, houve resistência. Os meus pais, habituados a um sistema de crenças rígido, tinham dificuldade em compreender o que significava para mim ser LGBT+. No entanto, graças ao apoio da terapia e à paciência dos psicólogos, criámos um espaço seguro onde pudemos partilhar as nossas perspetivas e sentimentos. Um momento transformador foi quando os meus pais participaram numa sessão de apoio a pais de pessoas LGBT+, organizada pela equipa do CIADIP. Lá, conheceram outras famílias que passaram por experiências semelhantes e aprenderam a lidar com os medos, preconceitos e mal-entendidos que carregavam. Hoje, posso dizer com orgulho que os meus pais sabem quem eu sou e apoiam-me incondicionalmente. Esta mudança não aconteceu de um dia para o outro, mas foi possível graças ao acompanhamento psicológico e à vontade de todos nós em reconstruir os nossos laços familiares com base no amor e na compreensão. Agora, sinto-me mais livre e mais próximo da minha família. Os meus pais já não veem a minha orientação como uma questão de escolha ou um problema, mas como uma parte natural de quem eu sou. Somos uma família mais forte e mais unida, e sei que o apoio deles será sempre um pilar fundamental na minha vida. Sou eternamente grato à equipa do CIADIP por ter tornado possível esta jornada de aceitação e por ter ajudado a transformar o meu maior medo num dos maiores motivos de felicidade da minha vida.

    S. Tavares
      S. Tavares

      Funcionária Pública, 32 anos

      Procurei o CIADIP porque queria emagrecer. Sentia que, se conseguisse alcançar o “corpo perfeito”, muitos dos meus problemas desapareceriam: a minha falta de autoestima, as dificuldades em me sentir à vontade com os outros e até os conflitos constantes com a minha família. No início, pensava que a solução para tudo era simples: perder peso. Mas, à medida que fui trabalhando com a equipa do CIADIP, percebi que havia muito mais por trás das minhas inseguranças. Durante as sessões, comecei a explorar sentimentos que sempre reprimi e que, até então, tinha medo de admitir, até para mim mesma. Foi um processo doloroso, mas também libertador. Com o apoio da psicóloga, acabei por assumir algo que, no fundo, sempre soube: a minha orientação sexual. Eu sou lésbica. A equipa do CIADIP foi essencial para que eu pudesse compreender este processo. Fui encaminhada para a consulta especializada para pessoas LGBT+, onde recebi apoio para trabalhar a aceitação da minha orientação sexual e a forma como isso influenciava todas as áreas da minha vida.