Alta Sensibilidade Emocional: Guia Para Entender e Gerir a Sua PAS

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Alta Sensibilidade Emocional
Sente que as emoções o afetam de forma mais intensa do que aos outros? Por vezes parece que o que o magoa profundamente, pouco ou nenhum impacto tem nas pessoas ao seu redor? Se a resposta for sim, talvez você seja uma Pessoa Altamente Sensível (PAS), e chegou a altura ideal para se entender melhor e aprender estratégias para colocar esta característica, a seu favor.

Todos nós somos sensíveis, de uma forma ou de outra, mas as Pessoas Altamente Sensíveis tendem a ser mais impactadas pelos estímulos externos ou pelos seus próprios sentimentos e reações. O primeiro passo para si e o seu bem-estar passa pelo entendimento da sua alta sensibilidade emocional, de forma a criar estratégias para que este dom não seja um fardo, mas um aliado para que consiga construir o seu equilíbrio emocional.

O Que é uma Pessoa Altamente Sensível?

A Alta Sensibilidade Emocional (PAS) não é um defeito ou doença, mas sim uma característica inata com que as pessoas nascem e que as acompanha ao longo das suas vidas, fazendo parte da sua maneira de ser e ver o mundo. Os PAS não são apenas sensíveis às emoções; também têm os sentidos do olfato, tato e audição mais desenvolvidos, percecionando os ambientes com mais detalhe e intensidade, com maiores possibilidades e nuances. É esta sensibilidade extra que faz deles também mais empáticos, intuitivos e, por vezes, mais sobrecarregados pelos acontecimentos que vivenciam. Para que seja uma qualidade a seu favor, e não um obstáculo no dia a dia, poderá precisar da ajuda de profissionais de saúde para melhor gerir este dom.

Como Identificar os Seus Gatilhos Emocionais

O primeiro passo para gerir a sua sensibilidade emocional, passa pelo autoconhecimento e identificação dos gatilhos emocionais mais frequentes que lhe causam desconforto, dor, irritação, tristeza ou desequilíbrio.

Comece por analisar o que aconteceu quando um episódio de alta sensibilidade o dominou. O que a produziu? Analise o contexto e a sua reação (que pode ser provocada por pessoas ou mesmo outros gatilhos emocionais do mundo que o rodeia e que não esperava: Uma conversa menos feliz, notícias, os dias cinzentos, música mais triste, cheiros etc.). Faça um registo dos gatilhos mais frequentes (num caderno, agenda, aplicação do seu celular) e crie formas de minimizar as suas consequências, a médio e longo prazo, para maior equilíbrio emocional.

Como Relativizar e Acolher as Suas Emoções

Se identificar o que desencadeou a sua alta sensibilidade, já é um grande avanço, agora será fundamental processar esses mesmos sentimentos que, por vezes, se tornam esmagadores. Nestas situações de mais sensibilidade, o importante será conseguir aplicar as seguintes questões de análise:

  • Procure a calma e o silêncio. Saia de perto do seu problema. Escolha um espaço agradável. Concentre-se na sua respiração e no seu corpo e reduza os ruídos à sua volta (utilizando um fone anti-ruído, tapando os ouvidos ou com outros mecanismos similares).
  • Faça uma autopergunta que faça a diferença: “Continuar a pensar desta forma vai ajudar-me a resolver o meu problema?”. Analise e identifique se aquela espiral de pessimismo o vai ajudar, ou antes, potenciar sentimentos de mágoa, desapontamento e sofrimento.
  • Quando o turbilhão interior começar a aparecer e comecem a surgir todas as emoções, pratique alguns passos básicos que a poderão ajudar nestes momentos de maior aflição. A autopergunta certa fará a diferença, ajudando-o no controlo do seu sistema nervoso e equilíbrio interior.

Estratégias Práticas Para Gerir a Sua Alta Sensibilidade

Para gerir as situações de sensibilidade, deixamos um pequeno guia para gerir melhor o seu quotidiano e a forma como o mundo exterior o afeta. Poderá tentar pôr em prática (adaptado à sua medida) algumas destas dicas no seu dia a dia, consoante os desafios que encontrar e as suas necessidades pessoais.

  • Evite Gatilhos Sensoriais: Anote num caderno, e estabeleça uma estratégia que pode incluir evitar determinados locais/ambientes mais desconfortáveis (festas com muitas pessoas, filmes ou noticiários violentos, cheiros fortes, ou música a volume demasiado alto) (ou, em alternativa, aprenda ferramentas e métodos para lidar com as situações de desconforto inevitáveis), entre outros gatilhos ou estímulos desconfortáveis. Aprender a reconhecê-los e preparar formas de lidar com eles é um excelente aliado para uma vida mais leve.
  • Mantenha a calma nos momentos difíceis: Se foi um pico de ansiedade, uma crítica que o magoo, afaste-se do que o perturba e acalme-se com momentos de relaxamento ou técnicas de respiração. É crucial gerir o momento da sua crise ou mal-estar, da forma que o seu organismo e mente o pedem e precisam.
  • Mova o seu Corpo: Dê ao corpo motivos para se mexer diariamente, seja com caminhadas ou outras atividades (desporto ou dança, yoga, mindfulness), libertando a energia que pode trazer também alguma inquietação e turbilhão de pensamentos. Ao exercitar-se também reduz a ansiedade e equilibra o stress do quotidiano. Ao juntar também companhia amiga para os seus passeios diários terá, sem dúvidas, maiores resultados e maior equilíbrio da mente, do corpo e de todos os aspetos da sua vida.

Paz Interior: Aprenda a Ser Uma Pessoa Altamente Sensível no Mundo

  • Paz Com o Seu Passado: Ao perceber que tem alta sensibilidade, irá também relembrar momentos do seu passado, em que esta característica o afetou ou criou situações desconfortáveis. Deixe o passado no passado e siga em frente, perdoando (se for esse o seu desejo), mas sem o trazer consigo ou sem mágoas (pois isto não ajuda em nada na resolução dos seus problemas, mas poderá agravar tudo e deixar o seu bem-estar emocional comprometido por muitos anos e com consequências ainda piores no seu bem-estar). Se não conseguir sozinho, procure um profissional de saúde mental que o ajude neste processo.
  • Seja Gentil Consigo: Muitas PAS tendem a ser exigentes consigo mesmas. Deixe a autocrítica de lado e seja mais bondoso com as suas limitações e também as suas capacidades, amando cada passo deste percurso e respeitando os seus ritmos, tempo e objetivos. Uma relação mais amorosa e tolerante para si é um fator chave na melhoria do bem-estar a longo prazo.
  • Relaxamento como Parte Essencial do Dia-a-Dia: Dedique tempo diário a exercícios de relaxamento e meditação. Não faça disso uma obrigação, mas procure sentir novas sensações e o bem que pode resultar desta prática. Comece, lentamente, alguns minutos e perceba o impacto da técnica no seu corpo e na sua mente. Esta estratégia, fará toda a diferença e os resultados poderão surpreendê-lo.
  • Boa Alimentação: “Somos o que comemos!” Mude lentamente para hábitos alimentares mais equilibrados. Evite as gorduras, açucares, o excesso de estimulantes (álcool ou café, etc) e privilegie os legumes e frutos da época (porque são mais adequados ao funcionamento do nosso corpo naquelas estações específicas e ao nosso meio ambiente) e beba bastante água durante o dia. O corpo irá recompensá-lo, tal como a sua mente e emoções também.
  • O Desacelerar dos Ritmos Diários: Tente seguir um ritmo mais sincronizado com a natureza, criando hábitos para relaxar também, (fazendo pequenas pausas diurnas ou evitando o telemóvel ao dormir), que o auxiliem no alívio do stress e ansiedade, durante as 24h. Ao tornar a noite mais escura e calma, com silêncio e sem ecrãs ou luz azul, está a preparar uma noite e um sono de melhor qualidade para todos os dias seguintes.
  • Conecte-se com o Presente: Para manter o seu foco no bem-estar e felicidade presente. Anote tudo de bom que faz ou acontece ao longo dos dias, agradeça-se e não deixe escapar os bons momentos de cada oportunidade, não as desperdice com memórias ou situações negativas que o limitam a ver tudo aquilo de belo e maravilhoso que já tem e possui. Faça um inventário diário dos seus privilégios (mesmo os mais simples como uma cama quente, boa comida e outros básicos como as companhias da sua vida).

Conclusão

O que nos torna únicos e especiais pode ser transformador no seu percurso. Uma vez que sabe que é PAS (Pessoa Altamente Sensível), não é mais um fardo ou um obstáculo, mas sim uma grande mais valia que poderá expressar e usufruir de forma adaptada no mundo em que vive. Deixe o passado no passado. E foque o seu poder nas suas capacidades e competências em relação à empatia com os outros, aos cuidados com o meio ambiente, a sua ligação com o mundo da arte e muito mais, criando poderosas sinergias na comunicação e interação, para além dos bons resultados na sua carreira, empresa, mundo e muito mais.

A aceitação da alta sensibilidade é apenas o inicio de uma nova fase de vida. Se necessita de apoio, no CIADIP temos terapeutas experientes que o poderão ajudar e guiar neste caminho de autoconhecimento, com acompanhamento e técnicas para viver o seu presente em harmonia com todas as suas potencialidades e sensibilidades. Agende já a sua sessão connosco.

Dr.ª Karina Martins

Bibliografia

“Personas Altamente Sensibles: Guia esencial para PAS” de Pablo Villagrán

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